quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O REI DO COOL

O mês de novembro marca os 30 anos da morte do herói americano Steve McQueen, que virou o maior astro de Hollywood nos anos 60 reciclando o estilo de James Dean e Marlon Brando

Ele não era alto nem galante nem um ator versátil. Mais um tipo do que um intérprete, o frio e taciturno Steve McQueen possuía, no entanto, aquele je ne sais quoi de que são feitos os mais duradouros mitos. Faz 30 anos neste mês que ele morreu, destruído por um câncer pulmonar. Moço ainda, teria chegado aos 80 em março, quem sabe encarando papéis mais compatíveis com sua idade, como Sean Connery e Clint Eastwood, outros dois heróis para todas as estações.

Longilíneo, parecia ter muito mais de 1,77 metro de altura. Fora dos padrões clássicos de beleza masculina (“a versão símia de um anjo de Botticelli”, na avaliação de um biógrafo), compensava todas as suas insuficiências com um charme de alta voltagem. Sua máscula nonchalance fascinava os homens e tantalizava as mulheres. Em sua carreira relativamente curta (1953-1980), redimensionou Gary Cooper e Humphrey Bogart, reciclou James Dean e Marlon Brando e prenunciou Eastwood, o atual “king of the cool”.

O cetro dessa dinastia já pertencia a McQueen quando Eastwood fez seu primeiro western-spaghetti, em 1964. E ainda era dele quando Eastwood encarnou pela primeira vez o durão Dirty Harry, herdeiro direto de Frank Bullitt, o policial mais veloz de São Francisco. Sete Homens e Um Destino foi produzido quatro anos antes de Por um Punhado de Dólares, e Perseguidor Implacável, três anos depois de Bullitt.

De seus quase 30 filmes, apenas cinco ou seis merecem ser lembrados: Sete Homens e Um Destino; Fugindo do Inferno; Crown, o Magnífico; Bullitt; A Mesa do Diabo — todos excitantes, sobretudo os dois primeiros, nenhum deles obra-prima. Só uma vez concorreu ao Oscar, como o patrulheiro de O Canhoneiro de YanTse, que nem sequer foi sua melhor performance fardado, privilégio de O Inferno É para os Heróis, O Amante da Guerra e Fugindo do Inferno. McQueen foi seis vezes soldado na tela, o dobro de suas aparições em westerns, descontada a telessérie Wanted: Dead or Alive, que estrelou depois de sua destacada aparição no trash movie A Bolha Assassina, o trampolim para sua carreira no cinema.

Colecionador de bólides de duas e quatro rodas (deixou de herança 130 motos e uma frota de Porsche, Ferrari e Jaguar, leiloados pelos herdeiros), não era superado por ninguém ao volante de um carro ou no dorso de uma motocicleta. Era um atleta da velocidade, um aficionado de corridas, como seus ídolos Dean e Brando, um intrépido piloto que fazia questão de dispensar dublês até nas cenas de maior exposição ao perigo. Só nas manobras mais arriscadas do final de Fugindo do Inferno e da perseguição pelas ruas de São Francisco em Bullitt, o ator, muito a contragosto, aceitou trocar seu posto com um dublê.

Talvez estivesse escrito nas estrelas, pois Terrence Steven McQueen nasceu num subúrbio de Indianápolis, berço do mais famoso circuito de corridas dos Estados Unidos. Teve uma infância infeliz (o pai se mandou quando ele tinha seis meses, a mãe era alcoólatra) e uma adolescência pior ainda, com uma escola correcional no fim da linha. Tentou em vão acertar o passo ingressando na Marinha Mercante, foi faxineiro de bordel, camelô e lenhador no Texas, alistou-se na Marinha de Guerra, até que um dia se encantou pela arte de representar: primeiro no teatro de Nova York, depois na televisão, finalmente em Hollywood, que recebeu sua indomável rebeldia com os braços e os cofres abertos.

Antes e depois de se tornar o ator mais bem pago do mundo, em 1974, abusou da sorte, da paciência dos colegas (brigava muito com produtores, diretores e companheiros de elenco), de drogas e bebidas e das mulheres, a quem volta e meia espancava. Nada, porém, abalou seu prestígio. Com McQueen em cena, qualquer filme ficava, no mínimo, interessante.

Seu estilo despojado (jeans, camisetas e camisas polo ou de gola rolê escuras, blazer de tweed ou de veludo cotelê, botas e topsiders) nunca saiu de moda. E qualquer adereço que usasse em cena virava um precioso merchandising. Aumentou as vendas de óculos escuros (o Persol que usou em Crown, o Magnífico foi arrematado num leilão por 70 200 dólares) e de relógios (o Monaco Tag Heuer por ele lançado em As 24 Horas de Le Mans foi leiloado no ano passado por 87 600 dólares). Por falar em relógio, preferia, no dia a dia, um Rolex Submarine. Ou o modelo Explorer, com justiça apelidado de “Rolex Steve McQueen”.

Elegância Rebelde
Jaqueta de couro, óculos escuros e relógio esportivo formam o kit básico para emular com o espírito McQueen. Use de preferência com um carrão ou uma moto possante

1. Jaqueta de couro Vila Romana, R$ 1 699,90
2. Relógio de aço.
3. Calça de sarja Lacoste.
4. Tênis de couro Converse.
5. Óculos com armação de titânio Ray-Ban.
6. Trench coat de sarja Stone,paletó de lã Ricci & Colella,camisa de algodão ,gravata de seda.
7. Camisa jeans.

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