terça-feira, 6 de setembro de 2011

o cavalheiro perfeito


O cavalheiro Perfeito
Alto, esbelto e cortês, Cary Grant nem parecia deste mundo. Por isso, talvez tenha sido o homem mais seduzido na tela e fora dela.

Ele era o homem que todo marmanjo queria ser e toda mulher ter, nem que fosse só para um namoro casto ou para acompanhá- la a uma festa qualquer. Ele não dançava como Fred Astaire, mas era o Cary Grant, o príncipe encantado de todos os salões, o cavalheiro perfeito, o debonair mais jovial do planeta, o suprassumo do savoir-faire cosmopolita. “Eu mesmo me esforço para ser Cary Grant”, pilheriava o ator, como se não lhe fossem inatas todas as peculiaridades de sua persona cinematográfica. E na verdade não eram.

Cary Grant nasceu pobre (em Bristol, na Inglaterra, em 1904) e foi criado pelo pai, acreditando durante boa parte da infância que a mãe havia deixado a casa para uma viagem ao litoral (a realidade é que tinha sido internada numa instituição para doentes mentais). Além de se chamar Archibald Alexander Leach, foi primeiro acrobata — o que explica a graça atlética de sua gestualidade diante das câmeras, mas não sua elegância, confessadamente herdada de dois refinados patrícios, Noel Coward e Jack Buchanan. Muito bonito, esbelto, airoso, cortês, inveja de inúmeros astros de Hollywood (Tony Curtis o mais notório) e até de gângsteres, como o janota Lucky Luciano, não parecia deste mundo tão cheio de imperfeições e homens mal-ajambrados. John Kennedy e seu irmão Robert o idolatravam tanto que mais de uma vez ligaram, da Casa Branca, para o ator só para ouvi-lo dizer “alô!”, ou melhor, “he-llow!”, com aquele inconfundível e intransferível, embora muito parodiado, sotaque cockney. A única coisa que ele tinha de errado? “Nada”, perguntava e respondia a personagem de Audrey Hepburn em Charada, a última comédia em que o ator, já com 59 anos, aceitou o papel de galã.
Talvez o homem mais seduzido em público que o mundo conheceu, na tela e fora dela, Cary Grant contracenou em filmes memoráveis com as mulheres mais cobiçadas e admiradas de seu tempo (de Marilyn Monroe a Grace Kelly, de Katharine Hepburn a Audrey Hepburn, de Ingrid Bergman a Sophia Loren) e casou-se cinco vezes. Nenhum outro ator personificou com igual plenitude a comédia sofisticada dos anos 30 e 40 do século passado nem foi dirigido por tantos cineastas do primeiro time de Hollywood. Só com Hitchcock fez quatro filmes, e em sobretudo dois deles (O Ladrão de Casaca e Intriga Internacional) humilhou os varões da plateia com seu acintoso garbo e sua incrível capacidade para guardar dinheiro e documentos no bolso lateral da calça sem fazer volume. Tudo lhe caía bem (até uma simples toalha enrolada na cintura) e nada era capaz de tirá-lo dos trinques: nem a poeira de um milharal, como também se viu em Intriga Internacional, nem a chuveirada a que se submeteu, de terno e gravata, em Charada. Indiferente a grifes pretensiosas, costumava usar roupas do Brooks Brothers, que nele, naturalmente, pareciam ter sido confeccionadas sob medida por um alfaiate de Saville Row. E combinavam, à perfeição, com seus mocassins Tod’s e sua after-shave Acqua di Parma.
QUERO SER CARY GRANT
Primeira regra: bege ou cinza. Depois, há uma infinidade de itens

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