quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O MAIOR VENDEDOR DE ESPRESSO DO MUNDO

Como resistir a um café recomendado por alguém que já foi Batman, roubou cassinos e usa com estilo inconfundível ternos pretos, calças sem pregas e camisetas descolada

Quando tudo levava a crer que jamais teríamos um novo Cary Grant, a televisão deu ao cinema George Clooney, gratificando de quebra os que também já haviam desistido de esperar por um novo Clark Gable. Do alto de seu 1,8 metro, oito décadas de carisma e sex appeal nos contemplam. Sem bigode, ele é Grant; com bigode, é Gable (reveja E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? e Os Homens Que Encaravam Cabras, e comprove). Amálgama desse quilate Hollywood nunca viu.

E pensar que ele ambicionava ser apenas um ator natural, instintivo e avesso a artifícios, como Spencer Tracy, de quem inclusive adotou o hábito de não usar maquiagem diante das câmeras. Ainda mais sem frescura que Tracy, que ao menos frequentava o barbeiro, Clooney vangloria-se de cortar o próprio cabelo, levemente grisalho nas têmporas, mas ainda bem longe do branco que precocemente envelheceu Tracy. Como seu ídolo, jamais cogitou disfarçar a idade apelando para tinturas; até porque lhe agrada a ideia de ir ficando velho diante dos olhos dos espectadores. “De mais a mais, sempre aparentei ter mais idade mesmo (chega aos 50 daqui a cinco meses) e, entre envelhecer e morrer cedo, sou mais a primeira opção.”
Clooney já produziu 27 filmes, dirigiu outros quatro (entre os quais o ótimo Boa Noite e Boa Sorte), escreveu três roteiros, ganhou vários prêmios como ator, entre os quais um Oscar por sua atuação em Syriana —A Indústria do Petróleo, em 2006, e é um incansável militante político. Participou ativamente da campanha de Barack Obama, arrecadou 50 milhões de dólares para o Haiti, lidera grupos ambientalistas e luta contra a carnificina em Darfur.
Há anos no topo de quase todas as listas de “homens mais bonitos” (e “mais atraentes” e “mais cobiçados”) do mundo, Clooney contracenou com algumas das maiores beldades
de seu tempo — Michelle Pfeiffer, Nicole Kidman, Julia Roberts, Catherine Zeta-Jones, Cate Blanchett — e pôs todas elas no chinelo. Nenhuma se queixou de ter ficado em segundo plano, muito menos as insossas Tilda Swinton e Vera Farmiga. “Impossível não estabelecer uma química imediata com ele”, admitiu Vera, sua partenaire em Amor sem Escalas.
Com nenhuma delas teve caso nem sequer flertou. Apesar de mulherengo, não mistura trabalho com cama. Ficou quatro anos casado com a atriz Talia Balsam e jurou nunca mais repetir a experiência, promessa cumprida nos 17 anos seguintes ao seu divórcio, ao ongo dos quais limitou-se a acumular amizades coloridas com estrelas da tela e das passarelas (Renée Zellweger, Krista Allen, Sarah Larson, Céline Balitran e Lisa Snowdon as mais notórias), harém do qual a delirante Ísis de Oliveira (irmã de Luma) nunca fez parte, evidentemente.
Clooney já sofreu uma recaída, aparentemente irreversível, segundo os amigos, ao envolver-se com uma gostosura sarda de 32 anos chamada Elisabetta Canalis, musa da TV italiana, que há mais de ano faz as honras da villa que o ator comprou em Laglio, à beira do Lago Como, na Lombardia, no nordeste da Itália, para relaxar e namorar longe dos paparazzi. Obcecado pela privacidade, não costuma dar sopa em lugares visados e
foge da internet como os vampiros da luz. “Prefiro me submeter a um toque retal em público a ter uma página no Facebook”, declarou meses atrás.
Que o admirem, pois, à distância. Com desejo ou inveja. Esta fica por conta dos marmanjos, que até no vestir têm muito o que aprender com o ator. No começo da carreira, Clooney seguia a moda dos anos 80. Na década seguinte, virou um modelo de elegância informal. Seu guarda-roupa europeizou-se, sobretudo depois de Onze Homens e Um Segredo, quando incorporou de vez um penchant por ternos e blazers escuros (pretos ou grafite) e camisas sem gravata (brancas de dia, pretas à noite, não importando o tamanho da festa), quando não uma singela, mas obrigatoriamente chique, camiseta — complementados por calças sem pregas e bainhas.
Os irmãos Coen, que já o dirigiram em três comédias, o consideram um ator exemplar: sensível, inteligente, aplicado, solidário, brincalhão, “uma companhia e tanto”, atributos a que seu mais assíduo parceiro, o cineasta Steven Soderbergh, faz questão de acrescentar outro: “George é um dos sujeitos mais íntegros que eu conheço”. Tão íntegro que não aceita sequer conversar sobre a possibilidade de estrelar comerciais de produtos que jamais consumiria. Claro que ele adora café e curte com enorme (e bem remunerado)
prazer ser o embaixador do Nespresso, a rubiácea cordon bleu da Nestlé, cujo consumo
mundial aumentou exponencialmente por sua causa. Como resistir a um espresso recomendado por quem já foi Batman e roubou tantos cassinos em Las Vegas?
A receita Clooney
Combinando blazers e jaquetas (quase sempre escuros) com acessórios mais modernos, o ator de Hollywood consagrou um modelo de elegância informal

1. Óculos de metal Seen, na Fototica 2. Blazer de lã Ermenegildo Zegna, camisa de algodão egípcio Dudalina, calça de sarja com elastano João Pimenta, na Surface to Air 3. Jaqueta de couro Timberland, camiseta de algodão Tommy Hilfiger.
4. Calça jeans TNG, Relógio de aço Breitling, na Sara Jóias 6. Gravata de lã Carolina Herrera.

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