terça-feira, 27 de setembro de 2011

O CIGANO COOL

Quem não gosta do Johnny Depp?



Isso não é uma pergunta, mas o nome de um movimentado clube noturno na Estônia. Não é para qualquer um ter o nome na fachada de um night club, muito menos naquela lonjura. Acontece que, antes de estourar no Báltico, o cartaz internacional de Johnny Depp já havia atravessado mares que a galera do corsário Jack Sparrow jamais singrou nem há de singrar. Do Pacífico ao Índico, do Mar Cáspio ao da Tasmânia, todo mundo parece gostar de Johnny Depp. Principalmente as mulheres.

Em matéria de carisma, magnetismo e personalidade, Depp desconhece competidores em sua geração.Seu concorrente direto, Keanu Reeves, apesar dos empurrões de Matrix e Velocidade Máxima, há muito perdeu a parada. Se a expressão “masculinidade moderna” faz algum sentido, Depp talvez seja sua mais perfeita encarnação. E para tanto ele nem precisou ser tão alto quanto John Cusack (1,93 metro), DiCaprio (1,83) e Norton (idem). Sem chapéu, mede 1,78 metro, 2 centímetros a mais que seu ídolo Marlon Brando, o suficiente, contudo, para caber folgado na pele de qualquer herói que se imponha mais pela astúcia do que pelos punhos e pelas armas.

Varonil cool, meio dark, meio hippie, meio cigano, John Christopher Depp II parece ter nascido já vestindo jeans e uma jaqueta de couro igualmente surrada, como aliás convém ao roqueiro que nunca deixou de ser. Mas, dependendo de quantas vezes mais servir à franquia de Piratas do Caribe (já estrelou a quarta aventura: Navegando em Águas Misteriosas, que estreia em maio nos Estados Unidos), é possível que, no futuro, só consigam imaginá-lo com as vestes de um bucaneiro e uma âncora tatuada no peito. Ou no braço. Nesse caso, ao lado de outra, “Wino forever” (“Avinhado para sempre”), que durante os três primeiros anos da década de 90 foi “Winona forever” (“Winona para sempre”), em homenagem à atriz Winona Ryder, com quem viveu sua mais intensa relação até conhecer a cantora francesa Vanessa Paris, sua companheira há 13 anos e mãe de seus dois filhos.

(Ah, sim, foi preciso a perícia de um cirurgião plástico para apagar o “na” da antiga tatuagem.)

Depp é uma salada de etnias. Tem sangue cherokee, irlandês, alemão e indiano. Em sua cidade natal, Owensboro (Kentucky), viveu muito pouco. Criado na Flórida, teve uma infância e uma juventude que explicam sua atração por personagens desajustados socialmente. Aos 13 anos, perdeu a virgindade com uma groupie do grupo de rock do qual se tornara guitarrista; aos 15, com os pais recém-separados, abandonou os estudos e pôs o pé na estrada. Casou na maior pindaíba com uma maquiadora e chegou a vender canetas nas ruas de Los Angeles, até que Nicolas Cage o convenceu a tentar a sorte como ator. Hoje, tem três ou quatro casas, entre Los Angeles e o sul da França, mais uma ilha nas Bahamas.

Estreou no cinema discretamente, como uma das vítimas de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo; passou três temporadas (1987-1990) na telessérie Anjos da Lei; e encarnou seu primeiro freak na comédia Cry-Baby: um sucedâneo de Elvis Presley com distúrbio lacrimal. Seu segundo freak, o arlequinal topiário Edward Mãos de Tesoura, lhe trouxe a primeira brisa da fama e, de quebra, a mais profícua amizade de sua vida, com o cineasta Tim Burton, que o dirigiria em mais seis filmes. Boas criações, mas nada que se compare em apelo popular ao irreverente pirata Jack Sparrow, por sólidos motivos seu personagem favorito.

Não se conhece em Hollywood nenhum outro ator que tenha tido mentores e cupinchas tão surpreendentes quanto Marlon Brando, o poeta beat Allen Ginsberg e o jornalista gonzo Hunter S. Thompson, nem modelos de interpretação tão antigos quanto Buster Keaton, Chaplin, Lon Chaney e John Barrymore. No entanto, por mais estranho que pareça, Depp burilou seu Ed Wood em Ronald Reagan (o jeito de inclinar a cabeça) e no Homem de Lata de O Mágico de Oz. Também fugindo ao previsível, seu pirata do Caribe é uma mistura do rolling stone Keith Richards com Pepe le Gambá, personagem de desenho animado criado por Chuck Jones na década de 40.

Por ter abandonado os estudos antes de concluir o segundo grau, até hoje o ator corre contra o relógio. É um exemplo de autodidata.Tornou-se um especialista em geração beat, Lewis Carroll, Jack, o Estripador, e uma inacreditável variedade de assuntos. Disso não faz alarde, porque gabar-se do que quer que seja não combina com seu low-profile.

Por muito tempo, só os amigos mais chegados sabiam ser ele o dono de um manuscrito de Rimbaud e da última máquina de escrever de Kerouac, entre outras relíquias, das quais a mais visível ainda é a velha mansão hollywoodiana de Bela Lugosi (o astro de filmes de horror) que há anos comprou. Depp só é depp (idiota, em alemão) no sobrenome.

Rebelde com classe
Só quem é irreverente e seguro como Depp consegue misturar terno com coturno e anel de caveira e ainda ficar elegante



1. Camiseta de algodão Penguin. Colar de couro e prata Marcela Costa,na Central de Designers 3. Óculos de acetato Ventura. Calça jeans Herchcovitch;Dopping. Anel de prata Cohn Prata. Camisa de algodão Riachuelo. Paletó,colete, calça, tudo de lã, Ricardo Almeida 8. Chapéu de feltro de lã Maurice Plas. Pulseira de couro em voltas (preta),de couro e prata,de couro em voltas (marrom),de couro tressê,todas Cohn Prata 10. Coturno de couro Burberry.

O ator é a encarnação da “masculinidade moderna”, na maneira de se vestir e de se expressar. Clique aqui para descobrir o significado de suas tatuagens.




Tags: cigano cool, Jack Sparrow, Johnny Depp, piratas do caribe

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